Quem visita o litoral sul da Bahia, nos arredores do arquipélago de Abrolhos e se aventura em um barco mar adentro pode ter uma experiência única: ver de perto uma baleia jubarte, a gigante que nada nas águas quentes da região em busca do ambiente ideal para reprodução.
Vale lembrar que as baleias são mamíferos aquáticos e pertencem ao grupo dos cetáceos, que é dividido em dois subgrupos, os odontocetos, que têm dentes e os misticetos, que possuem barbatanas (formada por queratina, mesmo material que compõe a unha humana).

Na parte superior da cabeça, as jubartes possuem dois orifícios respiratórios que facilitam a respiração quando estão na superfície. É por eles que dão shows ao soltar poderosos borrifos. Para se alimentar, abocanham grandes quantidades de água com peixes e principalmente, krill (espécie de camarão). Toda água abocanhada acaba sendo expelida por ação da língua, levando o alimento a ficar preso nas barbatanas, que fazem às vezes de filtro. As barbatanas de um animal adulto medem entre 1 e 1 ½ m.
GRANDES MAMIFEROS. As jubartes (Megaptera novaeangliae) recebem esse nome por conta do tamanho das nadadeiras peitorais, que podem chegar a 1/3 do seu tamanho, o que representa uma importante característica da espécie, assim como as fêmeas serem maiores que os machos (fêm 40 toneladas – 16 m / mach 30 toneladas – 13 m). Após a gestação de 1 ano, o filhote nasce comcerca de 4 a 5 m, pesando 1 tonelada.

Outra curiosidade dessas gigantes é o fôlego. Elas permanecem normalmente, cerca de 13 minutos submersas. Ao fazerem mergulhos mais profundos, elas expõem a face inferior da cauda, o que facilita a vida dos pesquisadores, pois elas são marcadas com manchas, servindo para a identificação do indivíduo. Do mesmo jeito que não há 2 seres humanos com impressões digitais iguais, não há 2 baleias com as mesmas manchas. Graças a isso, elas são fotoidentificadas para realização de trabalhos a respeito de seu comportamento, relações sociais, rotas migratórias, freqüência com que retornam ao Banco dos Abrolhos e taxa de natalidade das fêmeas. No Arquipélago de Abrolhos as baleias apresentam um comportamento em particular, elas permanecem por longos períodos paradas com suas caudas expostas fora da superfície, com a cabeça voltada para o fundo. Tal comportamento é praticamente exclusivo da população que frequenta o litoral baiano, pois não ocorre com tanta frequência em nenhum outro lugar do mundo. Aos que se aventuram ao mar no Arquipélago de Abrolhos têm a oportunidade de ver de perto outros comportamentos das jubartes. As batidas de cauda na superfície da água, ouvidas a longa distância, representam tentativas de chamar a atenção de outras baleias, demonstrar força e irritação com a aproximação de barcos... As batidas com as nadadeiras peitorais também estão associadas a essas ocasiões e à receptividade do parceiro para o acasalamento.
ACROBACIA E MÚSICA. Os saltos das jubartes nas águas do litoral baiano representam um grande show, embora os cientistas ainda não tenham identificado com precisão as razões desse comportamento. As hipóteses passam por tentativas de comunicação, demonstração de força, eliminação de ectoparasitas ou, apenas, o salto pelo salto. Algumas baleias saltam junto dos seus filhotes. Em um dos cruzeiros de pesquisa, observou-se um grupo saltando 16 vezes consecutivas, havendo registro de maiores quantidades.
Outro aspecto emocionante da aproximação com a jubarte é o seu canto, muito complexo, que pode ser comparado ao dos seres humanos e durar até 30 minutos. As vozes desses mamíferos podem ser ouvidas de dentro das embarcações, sendo o som amplificado ao entrar na água.